“Chuva de estrelas” na noite de domingo para segunda-feira
O céu deverá apresentar na noite de domingo para segunda-feira a queda de dezenas de estrelas cadentes por hora, um fenómeno anual originado pelo contacto dos restos do cometa Swift-Tuttle com a atmosfera
A chuva de meteoros das Perseidas - assim denominada por estes meteoros surgirem a Nordeste, junto à Constelação de Perseus - são um fenómeno regular, que acontece todos os anos por volta do dia 12 de Agosto.
«A noite de 12 para 13 é o pico máximo, mas as estrelas cadentes podem ser vistas uma semana antes e uma semana depois», até 24 Agosto, disse à agência Lusa o director do Observatório Astronómico de Lisboa, Rui Agostinho.
Rui Agostinho salienta que há vários fenómenos destes ao longo do ano, mas as Perseiadas chamam a atenção por ocorrerem no Verão, altura em que as pessoas estão sensibilizadas para actividades ao ar livre, e porque representam um número importante de meteoros, podendo ocorrer a partir das 2h de segunda-feira umas dezenas de estrelas cadentes por hora.
Segundo o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), os meteoros são «pequenos pedaços rochosos, a maioria menor que uma ervilha», que entram na atmosfera a uma elevada velocidade média de 212.400 quilómetros por hora.
Aparecem luminosos no céu porque o atrito que causam na atmosfera devido a esta velocidade aumenta a sua temperatura até ficarem incandescentes.
No caso das Perseiadas, estes pedaços rochosos são restos do cometa Swift-Tuttle, cuja cauda cruza a órbita da Terra.
«O Swift-Tuttle passa periodicamente à volta do sol e nos anos seguintes a este fenómeno esperamos sempre um maior número de estrelas por hora, devido aos 'calhaus' que ele vai largando», explicou Rui Agostinho.
O astrónomo realçou que as estrelas cadentes não devem ser observadas ao telescópio. «O melhor mesmo é nem ter binóculos, porque o campo da visão humana é muito reduzido e o fenómeno abrange todo o céu», sublinhou.
«Quem puder ir para zonas escuras no campo verá mais estrelas por hora do que na cidade, que é sempre o pior sítio porque as cidades estão muito iluminadas e projectam essa luminosidade para o céu», aconselhou Rui Agostinho.
O astrónomo refere que o melhor é encontrar um ponto de observação com um horizonte visual desimpedido, que permita ver bem todo o céu, e estar num grupo de amigos.
«Como ninguém consegue ver todo o céu ao mesmo tempo, podem deitar-se no chão com as cabeças juntas, a formar o centro de uma estrela, e cada um ficar responsável por um gomo do céu, contando quantas estrelas vê em determinado período de tempo na sua área de responsabilidade», para depois de uma hora compararem quantas estrelas viram e saber quantas apareceram, sugeriu.
«Cada um pode ainda fazer um desenho da trajectória das estrelas cadentes que viu e, se juntarem os desenhos, podem ver que a origem delas parece ocorrer num determinado ponto do céu, o chamado 'ponto radiante'», disse.
No caso das Perseidas os meteoros parecem estar a «nascer» na Constelação de Perseus.
O OAL realça que a partir das 21h de 12 de Agosto a Constelação de Perseus aparecerá acima do horizonte, a Nordeste, e a Lua Nova surgirá às 24h02, esperando-se uma noite particularmente espectacular para observar o pico das Perseidas.
Se o estado do tempo ajudar, além da chuva de estrelas é possível «observar Marte (mesmo na constelação do Touro) e as constelações de Verão já aparecerão em todo seu esplendor: Escorpião, Sagitário, Cisne, Pégaso, etc.».
Segundo o Instituto de Meteorologia, domingo o céu estará limpo ou pouco nublado, com neblina ou nevoeiro matinal no litoral Oeste.
Lusa/SOL
via AnaS